Rússia x Ucrânia
DATA: 25/02/22 Últimas NotíciasNos últimos dias, acompanhamos nos mais diversos canais midiáticos os conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, que causaram grande comoção mundo afora.
Para entender a complexidade da questão, é preciso resgatar um pouco do contexto histórico. Tudo começou na invasão à Geórgia, em 2008, quando a Rússia passou a direcionar ataques de fronteira à região da Geórgia para desestabilizar o governo local — que havia se tornado menos alinhado aos seus interesses.
A situação atual com a Ucrânia não é muito diferente: o governo Russo escalou aquilo que se iniciou como uma disputa de fronteira e apoio a regiões separatistas para um ataque em larga escala. Em resumo, o movimento parece visar a desestabilização do estado Ucraniano e instituir um governo mais alinhado com a Rússia, afastando o país da aliança à Otan.
Dito isso, quais impactos podemos esperar para o mercado financeiro?
De acordo com a XP Investimentos, parceira da Previbayer, guerras que não são seguidas por recessão não tendem a deixar efeitos permanentes no mercado. Isso indicaria que passaremos por volatilidade, mas ela seria temporária.
No entanto, existe um complicador muito relevante: a posição do Banco Central Norte-Americano (FED). O ano de 2022 deve ser marcado pelo processo de alta de juros nos EUA. Esse deveria ser o fato mais relevante para precificação de ativos de risco global, mas já existia entre os membros do FED uma discordância importante sobre a velocidade dessa alta.
Outro choque de oferta, complica significativamente a vida do FED. Por um lado, a inflação deve acelerar, por outro, existe a possibilidade de o efeito sobre confiança ser relevante e impactar o consumo. Somando tudo, vemos um FED com uma escolha difícil de como calibrar a política monetária em um ambiente de inflação alta, mas com possíveis choques de confiança.
Hoje o mercado está refletindo o efeito Ucrânia no preço dos ativos como um choque deflacionário. As ações e as taxas de juros longas (10 anos) caem. Um “flight to quality” (busca de qualidade) clássico. Como parâmetro, na primeira invasão da Ucrânia e anexação da Criméia, o S&P caiu em torno de 5.6%, mas recuperou tudo em 3 meses e terminou o ano em alta.
Mas e o Brasil, como fica nesse cenário?
Alguns impactos já estão claros. Uma alta no preço de grãos é positiva para a balança comercial, além disso, com commodities em alta mais a realocação dos portfólios globais (saindo da Rússia) gera um fluxo positivo para ativos brasileiros.
Do lado negativo, as pressões inflacionárias via choque de oferta se intensificam, o que torna o trabalho do Banco Central (BC) de ancorar as expectativas de inflação mais difícil e pode requerer um ajuste no “plano de voo” original da Selic.
Resumindo: pode ser que o BC tenha que deixar os juros num patamar alto por um pouco mais de tempo do que o originalmente planejado, que era algo próximo de 12%-12.5% caindo ao longo de 2023.
E como tudo isso deve afetar suas decisões financeiras?
A experiência mostra que devemos evitar movimentos bruscos, motivados pelo calor do momento. O importante é manter a cabeça no lugar e lembrar que só existe um elemento comum a todas as crises: elas passam.
Fonte: XP Investimentos.